Há muito tempo sobrevivia um reino
cheio de problemas que com um passado de grandeza, conquistas e glórias,
mostrava-se fortalecido. Mas algo destruía aos poucos a força deste reino. A
vaidade quase neriana, as divergências entre pares, as fofocas que beiravam os
folhetins de baixa categoria. Com uma casca de gigantesco, a realidade mostrava
que a casca a cada dia tinha uma rachadura que expunha sua fragilidade.
Mas
este mesmo reino tinha uma população apaixonada, que acreditava no seu passado
glorioso, na força de todos em prol de um mesmo objetivo. Próximo a completar
um centenário, os lordes do reino definiram um projeto ousado: este reino será
reconduzido aos seus dias de maiores glórias, bradou um dos lordes. Quem
comandaria este reino neste trabalho herculiano? Nomes não surgiram. O rei que
sofria restrições dos lordes para poderosos do reino, acabou recebendo um
apoio, mesmo que superficial, sem amarras, sem um alicerce necessário ao
engrandecimento do reino.
Na casta de poderosos, um lorde se destacava. Homem
de muitas posses lhe era atribuído à resolução de boa parte dos problemas do
reino, ainda mais pela sua força financeira. O lorde sabia da sua importância e
ao mesmo tempo em que sabia disto, impunha sua autoridade sobre os demais
lordes e com a autoridade de quem investe no reino, opina-se, toma-se decisões,
mesmo que contrárias aos seus superiores. Também existiam lordes com
experiência em outros momentos já vividos dentro do reino, momentos de pujança,
momentos de adversidades, mas cabia a este lorde, dispor de sua vivência e
experiência para a árdua tarefa de reconstruir o prestigio do reino. Não
demorou muito e sem o apoio necessário – ou possível – o lorde que
reconstruiria, não mais iria construir. Ele abandonou o posto, mas seguiu
morando no reino, meio que se protegendo de todos os problemas que a relação
entre os lordes poderia trazer mais a frente.
Este reino ainda terá a força
para seguir no caminho traçado? Difícil responder. A tendência é que mais uma
vez, a vaidade, as divergências, a síndrome de Nero, que acompanha diversos
lordes ao longo dos anos, atrapalhe atingir o objetivo inicial. A população
espera dias melhores, até quer ajudar, mas não dispõe de mecanismos, nem de
força suficientes para forçar os lordes a se entenderem. Pobre reino! Já foi o
exemplo de fortaleza, já assombrou outros reinos, mas hoje se restringe ao
passado, perdeu terras, perderam lordes, perdeu força. Dificilmente será o que
já foi. Hoje é um reino que parece, mas não é.