Por Alberto Oliveira e Marlon
Araújo
Anúncio oficial, jogador com data de apresentação
marcada e como num passe de mágica, o atleta surge em outro clube, com outra
camisa. Está caracterizado o balão, expressão usada no futebol e que dirigentes
tem uma verdadeira ojeriza.
Em Alagoas, este fenômeno tem atormentado os dois
mais tradicionais clubes alagoanos: CSA e CRB. O Galo tomou dois balões e o
Azulão tomou outro.
O CRB anunciou como contratados, o atacante
Rodrigo Dantas e o volante Daniel. Dantas apresentou-se ao rival ASA. Daniel
desembarcou em outro clube alvirrubro, o América (RN).
Já o CSA tomou um balão do Campinense. Após
anunciar o meia Andrezinho, o jogador se apresentou no rubro-negro
paraibano.
Normalmente o balão não é aceitável e os
dirigentes dos clubes procuram desqualificar o jogador. No caso do meia
Andrezinho, o presidente do CSA, Jorge VI, até criou uma nova expressão
linguística para justificar a desistência do jogador. “Ele quebrou um contrato
verbal e não vem mais para o CSA”, afirmou o presidente em entrevista.
Já no lado do CRB, a pancada foi mais contundente
e os dois jogadores foram desqualificados nos aspectos profissional e moral. O
presidente Marcos Barbosa afirmou que o jogador Rodrigo Dantas não tinha moral e
que havia descumprido com a palavra. O mesmo caminho adotou o dirigente Ednilton
Lins em relação ao volante Daniel, denominando o atleta como “sem caráter” e que
o CRB até teria saído em vantagem pois as informações que o CRB recebeu deponha
contra o jogador. “Foi bom para o CRB. Não ficaremos com um jogador sem moral.
Vamos trazer um substituto bem melhor”, declarou o dirigente.
Normalmente os jogadores não são ouvidos no
processo. Recentemente no caso do atacante Rodrigo Dantas, ele respondeu através
do facebook e levantou outra questão. Dantas colocou que foi dispensado sem
nenhuma justificativa, mesmo tendo contrato com o clube. Em relação ao volante
Daniel, o próprio jogador comunicou a diretoria do CRB que não viria, fato este
divulgado pela assessoria de imprensa do clube.
Profissionais envolvidos no mundo da bola falaram
a reportagem do portal esportealagoano sobre o fenômeno balão. Thiago Borella é
gerente de futebol, monta equipes no Nordeste e tem jogadores espalhados pelo
país. Ele tem uma atuação mais forte no futebol paraibano e já foi campeão pelo
Nacional de Patos em 2007. Borella mostrou uma visão em defesa dos
jogadores.
“Os atletas são considerados pelos clubes como
uma mercadoria, caso dê certo ou não, o nome não é o do clube e sim o nome do
atleta que fracassou. Quando o rival, por toda questão cultural de não perder
nem nos bastidores para o clube que considera inimigo, fica sabendo da proposta,
procura cobrir com outra oferta melhor e o jogador de futebol já sabendo que
será apenas mais um e que tem uma carreira curta, acaba aceitando uma proposta
mais vantajosa”, disse,Borella.
O balão não se restringe a clubes pequenos ou
apenas a jogadores periféricos, o processo também acontece em grandes clubes.
Recentemente o atacante Romarinho, campeão mundial pelo Corinthians, chegou a
jogar a primeira partida da Série B pelo Bragantino contra o CRB, já estava
certo com o Santos, mas acabou indo para o Corinthians. Guilherme, que atuava
pelo Portuguesa, acertou o tempo de contrato e salários com o Palmeiras e fechou
com o Corinthians e um caso clássico foi o de Ronaldinho Gaúcho, que era tido
como jogador do Grêmio, o Estádio foi preparado para a festa de apresentação e
jogador pintou no Flamengo.
Para o agente credenciado pela FIFA, Daniel de
Paiva, descarta o aspecto de mercenário, rotulo, normalmente colocado em atletas
e agentes que se envolvem em balões. “Acontece porque ás vezes, o agente e o
atleta acham outro clube mais interessante e vantajoso profissionalmente e
financeiramente”, declarou Daniel.
Ele também observa que a a maior incidência dos
balões é com jogadores periféricos e de menor expressão. “Isso acontece na
maioria das vezes com atletas de menor expressão., na maioria das vezes, atletas
em início da carreira”, opinou o agente.
Mesmo envolvendo personagens diferentes, as
opiniões sobre os motivos pelos quais acontecem o balão são bem parecidas.
Segundo Thiago Borella, existe uma explicação
simples. “Acontece pelo simples fato do amadorismo no futebol. Deve-se apenas
manifestar interesse no atleta com contrato assinado e multa de rescisão. Antes
disso nunca deve-se mostrar desejo pelo atleta, muito menos anunciar um jogador
contratado, sem ter estes documentos”, afirmou.
Daniel de Paiva também comunga desta opinião e é
enfático ao apontar caminhos para evitar que o problema aconteça. “Sugiro sempre
fazer um pré-contrato com o atleta. Vejo este fato acontecer internacionalmente,
mas não em grande quantidade como acontece no Brasil”, declarou.
Este ano Borella protagonizou um caso de atiçou
ainda mais a rivalidade entre Treze e Campinense. O atacante Roni Dias foi
apresentado como jogador contratado pelo Campinense. O Treze ofereceu o dobro ao
jogador, pagou a multa rescisória, de acordo com a lei e levou o jogador no
outro dia. Houve uma nova apresentação, desta vez, com a camisa do Treze.
Os balões continuam acontecendo diariamente e são
comemorados como um titulo por aqueles que o protagonizam. Já para os que sofrem
o balão é comum marcarem o atleta como persona não desejável. A verdade é que
mesmo, na maioria das vezes, sendo uma atitude deselegante, o balão atiça
rivalidades, mostra fragilidade da
palavra no atual momento do futebol e
provoca muitas discussões nas rodas de boleiros.